Crise da meia-idade – Você conhece?

Por Fernanda Lunardi – Psicóloga

(Tempo de leitura: 6 minutos)

Às vezes me deparo com artigos sobre a crise da meia-idade que fogem um pouco ao meu entendimento. Normalmente, as fotos usadas são de pessoas da terceira-idade e mais velhas. E pouco se fala do que a psicologia entende como crise da meia-idade.

Para esclarecer, meia-idade é a pouco conhecida “segunda idade”. A primeira, são adultos mais jovens, enquanto a segunda são adultos que estão beirando os 40 anos e a terceira idade, começa próximo aos 60 anos.

No entanto, a psicologia não define as idades e, embora, Jung não fale sobre a crise de quem entra nessa faixa etária, ele traz o conceito de “metanóia”, que explica o que acontece no nosso psiquismo quando estamos na metade da vida.

De acordo com Jung, na primeira metade da vida, a nossa energia psíquica, também conhecida tecnicamente como libido, fica voltada para o mundo externo e nos questionamos sobre “quem sou eu nesse mundo, como me dedico a minha carreira, como posso constituir minha segurança na vida, minha família, cônjuge, filhos?”.

Por volta da meia-idade, essa energia de vida inverte sua direção e se volta para o interior da pessoa com outras questões: “agora que sei onde fui bem-sucedido, onde não, o que eu realmente quero da minha vida? O que me traz a alegria que eu ainda não alcancei? Qual é o sentido da minha vida?”.

Claro que todas essas perguntas podem ser feitas a qualquer momento da vida, mas a fase da meia-idade tende a se caracterizar por conflitos que levam a tais questionamentos.

Conflitos típicos de quem está partindo de uma vida (vivida) para a constituição da identidade diante do mundo e seguir para uma nova fase de vida mais autêntica, em que não se vive para o mundo, mas a partir das experiências passadas e de anseios mais profundos.

Na metade da vida adulta, os questionamentos são baseados em aspectos da falta de realização no casamento, na carreira profissional, independência dos filhos e os desejos deixados de lado enquanto as obrigações cotidianas sobrecarregavam a vida.

A eventual crise meia-idade se instala, diferentemente em cada um e acontece no momento em que mais se olha para trás, tendo em perspectiva os anos que ainda restam para serem vividos.

Temas como crises no casamento, separações, novas uniões, mudanças na carreira, no comportamento, na forma de ver a vida, no corpo que já não é o mesmo são alguns que afligem nesta fase. Além disso, também há um aumento de preocupação com a saúde, com a espiritualidade, sentido da vida, desejos e vontades não satisfeitos, assim como dores que não são mais suportáveis por terem sido vividas ao longo da vida. Ou seja, há uma avalanche de emoções surgindo e que promovem reflexões.

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Se você está na meia-idade e se identifica com algumas dessas questões e está passando por uma crise, não tenha receio! Pode ser que uma nova fase de vida esteja em andamento e com mais autenticidade para experimentar! A terapia é uma ferramenta excelente para ajudar a encontrar respostas e direcionar para o autoconhecimento.

Sobre Fernanda Lunardi - CRP 06/159430:

Com primeira formação em direito, seguiu para a psicologia ao desenvolver gosto por mediação e resolução de conflitos. É formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (em ambas graduações) e em Biopsicologia no Instituto Visão Futuro, onde atuou como facilitadora. Trabalhou como voluntária no CVV - Centro de Valorização à Vida, e hoje faz especialização em Biossíntese no IABSP e formação internacional em Psicoterapia Corporal Cênica em Pesso, com Richard Hoffman.

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