Da dor à potência na meia-idade
- Fernanda Lunardi

- 21 de jul.
- 2 min de leitura

Muitas mulheres chegam à meia-idade sentindo um incômodo que não conseguem explicar. Por fora, a vida pode parecer estável: chegaram a algum nível de conquistas que a satisfazem. Mas, por dentro, há um vazio, uma sensação de desconexão que vai crescendo em silêncio.
Esse vazio é muitas vezes o eco de um feminino ferido. Um feminino que foi silenciado, ignorado ou moldado para caber em papéis que nunca fizeram sentido. A mulher que chega até mim em psicoterapia, na maioria das vezes, está atravessando esse momento de reavaliação das escolhas. É um ponto de ruptura onde dores antigas ganham voz: a sobrecarga de dar conta de tudo, a sensação de não pertencer, o cansaço por manter uma imagem forte enquanto dentro existe solidão, insegurança e desconexão com o prazer e o corpo.
E é justamente a partir dessa dor que pode nascer um novo caminho: o da reconexão com a própria essência. Na psicologia analítica de Jung, esse processo tem nome: individuação. Trata-se de um caminho profundo de autoconhecimento, onde a mulher aprende a diferenciar o que é dela daquilo que veio das expectativas da família, da cultura ou do mercado. É uma travessia simbólica onde a alma pede espaço, e a vida externa precisa ser reorganizada a partir de um novo centro interno. Esse movimento da dor à potência na meia-idade é o que transforma desconforto em sentido.
Mas esse caminho não é apenas mental. Muitas das dores que carregamos estão no corpo. Por isso, a psicoterapia corporal, como a Biossíntese, é tão importante nesse momento da vida. O corpo fala, guarda histórias, memórias emocionais, e também pode ser a via de cura e reconexão. Trabalhar com o corpo é acessar o que muitas vezes não conseguimos colocar em palavras.
A mulher que se permite olhar para sua dor, para suas sombras, para o que ficou adormecido, acaba acessando também uma nova potência. Uma força que não é sobre desempenho ou controle, mas sobre presença, autenticidade e liberdade. Essa potência é a capacidade de fazer escolhas com base na própria verdade, é o prazer de viver com leveza, é a liberdade de ser quem se é sem medo do julgamento. É também a força intuitiva e sensível que emerge quando o feminino deixa de ser reprimido e passa a ser habitado com consciência.
Na meia-idade, existe um convite para viver de forma mais inteira. E isso exige coragem. Coragem para desapegar de roteiros prontos, para escutar o corpo, para desacelerar e reescrever a própria história.
Se você sente que chegou nesse ponto da vida em que tudo parece estar relativamente no lugar, menos você, saiba: isso não é fraqueza. É um chamado. E talvez seja hora de voltar para si.
Se esse texto ressoou com você, eu te convido a refletir sobre sua própria jornada. E, se sentir que é o momento, agende uma conversa. Meu espaço terapêutico está aberto para acolher sua história com escuta, profundidade e cuidado.
Sobre Fernanda Lunardi – CRP 06/159430
Psicóloga formada pelo Mackenzie, com ênfase na Psicologia Analítica (Jung) e com especialização em andamento em Biossíntese (psicoterapia corporal). Atende mulheres em processos de transição, com foco no resgate da essência, integração corpo-mente-espírito e escuta simbólica.




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