Limerência – você sabe o que é?
- Carina Gonçalves
- 7 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2024
Por Fernanda Lunardi – Psicóloga

(Tempo de leitura: 5 minutos)
Um conceito pouco conhecido em português é a limerência, que é a experiência do apaixonamento por outra pessoa sem a existência de reciprocidade. Muito parecida com o amor platônico, ela designa a projeção de anseios amorosos no outro, muitas vezes de caráter obsessivo e alimentada por uma constante idealização romântica.
Longe de ser amor, porém, é um estado de sofrimento psíquico, pois não há uma correspondência afetiva que de fato nutra a relação. Sim, pode até haver algum tipo de relação com a outra pessoa, casual ou não, mas muitas vezes nem relacionamento há, somente a expectativa dele. Ela que alimenta a esperança e causa o prazer advindo da excitação do encontro com a pessoa desejada, pois é a expectativa a principal responsável pela liberação de dopamina no organismo.
Mas para além da dopamina, o que leva alguém a nutrir todo esse estado de apaixonamento por uma outra pessoa que está indisponível para satisfazer suas necessidades emocionais? Há algumas explicações para isso.
Um contexto significativo de dor e/ou de falta de sentido pode ser uma das razões para se buscar mais cores na vida. Afinal, apaixonar-se por alguém pode ser um bom estímulo para a vida ficar mais “viva”, e isso não acontece assim, de forma consciente. Alimentar expectativas, mesmo que ilusórias, costuma ser uma saída do sofrimento, mais precisamente, uma fuga de situações que podem estar sendo insuportáveis.
Um casamento infeliz, problemas de saúde, sobrecarga emocional, carências afetivas e outras situações podem ensejar uma reação de fuga. Por instantes, devaneios trazem uma alegria de se afastar de tudo isso e de viver uma excitação amorosa.
Pessoas que trazem consigo traumas em seu desenvolvimento, como negligências emocionais, abusos psicológicos, físicos ou sexuais, podem ser mais propensas a sofrerem de limerência. Além da crença de não se sentir merecedoras de amor, elas acabam não confiando nas relações, caindo em ciclos de repetição de abusos e, assim, podem se afastar emocionalmente de qualquer possibilidade de ter relações mais íntimas.
A limerência acaba sendo uma forma dessas pessoas se aproximarem do amor, de viverem dentro de si, no nível da idealização, situações em que são amadas, reconhecidas e desejadas. Fica no outro a projeção de salvação de toda essa falta de afeto, conexão e reconhecimento que se instalou na sua infância e adolescência. Instala-se um conflito entre realidade e fantasia.
Elas, de fato, tendem a se interessar por quem não pode lhe corresponder, pois o alimento mais seguro delas é a fantasia. Afinal, relacionamentos reais decepcionam... e podem tocá-las na ferida do trauma. Chegar perto da sua dor é difícil, ela está muito “protegida”, cheia de muros, de defesas. Por ironia, é o que elas mais querem, alguém que se aproxime e que as acolha do jeito que são, que as ame independentemente de suas feridas.
Sobre Fernanda Lunardi - CRP 06/159430:
Com primeira formação em direito, seguiu para a psicologia ao desenvolver gosto por mediação e resolução de conflitos. É formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (em ambas graduações) e em Biopsicologia no Instituto Visão Futuro, onde atuou como facilitadora. Trabalhou como voluntária no CVV - Centro de Valorização à Vida, e hoje faz especialização em Biossíntese no IABSP e formação internacional em Psicoterapia Corporal Cênica em Pesso, com Richard Hoffman.
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