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Resgatar a criança interior: o caminho de volta à autenticidade

  • Foto do escritor: Fernanda Lunardi
    Fernanda Lunardi
  • há 2 minutos
  • 3 min de leitura

Barquinho de papel flutuando em água ao entardecer, simbolizando o resgate da criança interior e a reconexão com a autenticidade

Na meia-idade, muitas mulheres começam a sentir um chamado interno que as convida a momentos de introspecção. Nem sempre percebem que, aos poucos, algo essencial ficou para trás — a expressão autêntica e espontânea que nasce do brincar, da curiosidade e do contato com o que é vivo em nós.


Essa expressão foi sendo abafada por repressões e exigências que se intensificam com o tempo. A necessidade de ser lógica, produtiva e eficiente foi tomando o lugar da leveza, da criatividade e da liberdade de sentir.


Com isso, a intuição e a liberdade interior também foram se calando. O que era natural na infância — o lúdico, o criativo, o sentir — foi cedendo espaço ao fazer constante, à performance, ao controle.


É nesse momento da vida que muitas mulheres sentem um vazio difícil de nomear. E esse vazio, muitas vezes, é o distanciamento de si mesmas, daquilo que foi deixado para trás em nome de uma adaptação contínua ao mundo externo.


Desde cedo, aprendemos a adaptar comportamentos para sermos aceitas. Guardamos opiniões, abafamos desejos, desconectamos do corpo e da intuição para atender às expectativas da família, da sociedade, da cultura.


E assim, sem perceber, vamos nos afastando de quem realmente somos. Criamos personagens funcionais, mas perdemos a espontaneidade. Com o tempo, essas dores e repressões se cristalizam em forma de couraças emocionais e corporais — mecanismos de defesa que protegem, mas também limitam o fluxo natural da vida.


Na Biossíntese, compreendemos que essas couraças são defesas estruturais, formadas no corpo e na psique ao longo do desenvolvimento. Elas se manifestam como tensões musculares crônicas, padrões rígidos de comportamento e uma constante vigilância interna.

Por trás de cada uma delas, existe uma história, uma dor, um desejo não vivido. Mas também há uma potência à espera de ser reintegrada.


Reconectar-se com a criança interior é um processo terapêutico profundo. Essa criança é a guardiã da nossa autenticidade. Ela guarda os sonhos esquecidos, os gestos espontâneos, a capacidade de sentir intensamente — que foram sendo reprimidos para caber nas expectativas alheias — que, com o tempo, foram sendo internalizadas como verdades próprias.


Quando nos permitimos escutar a voz dessa que chamamos de criança interior — mesmo que baixa, mesmo que tímida — começamos a resgatar aspectos fundamentais da nossa identidade.


Retomamos o contato com a intuição feminina, com o corpo vivo, com os desejos legítimos.

Na minha prática clínica, percebo que esse resgate é essencial para mulheres em transição. É comum que, ao chegarem à meia-idade, surja o impulso de olhar para dentro e se perguntar: quem eu sou além dos papéis que desempenho? O que eu desejo verdadeiramente, agora que cumpri tantas exigências externas?


Esse é o momento de voltar para si. Não como quem deseja recuperar um tempo perdido, mas como quem quer integrar o que foi deixado de lado. É uma volta consciente, madura, sustentada pelo corpo e pela escuta interna.


Se você sente esse chamado, saiba que ele é legítimo. E que existem caminhos para acolher essa criança que ainda vive em você — não como uma lembrança frágil do passado, mas como uma fonte atual de sabedoria, criatividade e verdade.


Sobre Fernanda Lunardi – CRP 06/159430

Psicóloga formada pelo Mackenzie, com ênfase na Psicologia Analítica (Jung) e com especialização em andamento em Biossíntese (psicoterapia corporal). Atende mulheres em processos de transição, com foco no resgate da essência, integração corpo-alma e escuta simbólica.

 
 
 

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Fernanda Lunardi
Psicóloga - CRP 159430
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